sexta-feira, 25 de março de 2011

SUS X PSF

Ao contrário do que se poderia esperar com a implantação do SUS e do PSF, os prontos-socorros infantis, a cada dia que passa, ficam mais congestionados por crianças cujas patologias poderiam ser resolvidas no nível primário.
Estima-se que mais de 60% das consultas pediátricas nos prontos-socorros não são de urgência/emergência e isto se deve, com certeza, a obstáculos organizacionais dos serviços públicos de saúde; à valorização relativa à utilização dos serviços de urgência, enraizados na cultura da população; às concepções errôneas sobre a necessidade de pronto-atendimento; à inaccessibilidade à rede básica e à baixa qualidade dos atendimentos prestados, na maioria dessas unidades assistenciais.
Diversas outras situações costumam ser alegadas para justificarem a alta demanda espontânea aos prontos-socorros: US’s fechadas ou falta do pediatra, no dia e horário em que a criança precisava de atendimento; o trabalho dos pais; a preferência por serviços com mais recursos técnicos; etc.
Todos esses fatores somados geram o acúmulo de atendimentos nos prontos-socorros, dificultando a dinâmica dos serviços, impedindo-os de cumprirem , adequadamente, a função primordial para a qual foram criados.
Com isso, o que se vê, paradoxalmente, são as filas, com os pacientes aguardando a consulta, como se estivessem num ambulatório noturno.
E isto acontece não só nos serviços públicos como também nos serviços privados, que atendem aos pacientes possuídores de planos de saúde.
Cremos que, em decorrência da grande legitimidade alcançada pelos serviços de urgência/emergência perante à população e pela “cultura de pronto-socorro” adquirida pelos cidadãos, essa situação dificilmente poderá ser revertida.

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