domingo, 26 de julho de 2009

O PEDIATRA(*)

Logo após receber o seu diploma e título, para estruturar a sua identidade profissional, o pediatra busca, como valores fudamentais, a competência e a eficiência.
Entretanto, o aprendizado da pediatria não consiste somente em assimilar os conhecimentos adquiridos nos tratados clássicos ou nos conceitos emitidos pelos professores nas salas de aula e, também não, em saber somente intrerpretar os sinais e sintomas de um paciente e avaliar os achados nos exames radiológicos e/ou laboratoriais.O aprendizado da pediatria transcende tudo isso!
No processo de formação pediátrica, tem-se que aprender a desenvolver a intuição, além da escuta com o estetoscópio.Torna-se indispensável aprender a decodificar as mensagens não-verbais e simbólicas, representadas por cada gesto ou lágrima de cada participante do binômio mãe-filho.
Daí, deduz-se que para ser um bom pediatra não basta destacar-se como aquele que dispõe de maior cabedal científico e de conhecimentos teóricos.É necessário se impor como pessoa , pelo que se é e não pelo que se sabe.
Torna-se imperativo que se evite a contaminação da relação pediatra-mãe-paciente pelos conflitos pessoais ou familiares e problemas não resolvidos da própria infância.
Esses ensinamentos,contudo, não são transmitidos nos bancos da faculdade e nem nos compêndios de medicina.Essas lições somente a experiência e a vivência do dia-a-dia lhe ensinam.
Ao iniciar sua carreira profissional, o pediatra, em decorrência de sua inexperiência, sente-se tolhido nas suas ações por falta de flexibilidade e jogo-de-cintura. As dúvidas e os questionamentos surgem a todo momento e ele se sente,então, angustiado por perceber que terá que aprender com os próprios erros e que, desta forma, poderá alcançar o amadurecimento do saber da especialidade.
Somente ao longo dos anos é que a prática, aliada aos conhecimentos teóricos e estudos constantes, vai se sedimentando e o sentimento de competência profissional começa a despontar.
A difícil arte do exercício da pediatria é aprendida gradualmente,através do reconhecimento dos diferentes comportamentos da criança e de seus familiares e do modo adequado de se comunicar com o paciente,de se emitir opiniões, de se transmitir orientações ou de se informar um diagnóstico.
No início da atividade profissional, a falta de segurança no campo clínico das patologias infantis, faz com que o pediatra se sinta perdido e sua fragilidade , seu medo e insegurança, direta ou indiretamente, acabam sendo repassados aos pais e à criança.
O sucesso dos colegas mais velhos, mais experientes, podem despertar ciúmes, inveja, competição,rivalidade e hostilidade, pois, põe em evidência suas fraquezas, limitações e a incapacidade de não saber,ainda, o que fazer para e com o paciente.
À medida que o pediatra passa a adquirir experiência, ampliando seus conhecimentos e capacidade crítica, sua autoconfiança se manifesta e se revigora.
A partir daí, se não se deixar tomar pela onipotência e narcisismo, ou não supor,precocemente, ser o dono da verdade e de ter todas as respostas finais, certamente, tornar-se-á mais objetivo e humano no exercício da sua especialidade, a PEDIATRIA!!!
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AUTOR: PEDRO V. CARRANCHO-MÉDICO PEDIATRA-MS

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